Viktor Puzakov, Diretor Global de Marketing na Videojet Technologies, analisa a tendência crescente dos consumidores de bebidas em optarem por produtos naturais e orgânicos e como é que as opções de embalagens "saudáveis", que reduzem o desperdício alimentar e de embalagens, podem implicar alterações nas operações de codificação e marcação.
A embalagem vai desempenhar um papel crucial na redução de resíduos alimentares e de produtos a nível global, segundo um recente relatório elaborado pela gigante da investigação Mintel . Há muito que a embalagem é vista como um simples resíduo a eliminar, mas as atitudes estão a mudar rapidamente, por todo o mundo, com o aumento da sensibilização em termos dos danos causados pela ausência de reciclagem e da pegada de carbono criada durante o processamento. O movimento rumo à economia circular – que implica a reciclagem e devolução da embalagem pelo consumidor ao produtor – está a ganhar ímpeto e a criar consciencialização, assim como a melhor compreensão dos prazos de validade através das embalagens está a ajudar a mudar as mentalidades e os hábitos dos consumidores. Os materiais utilizados para fabricar as embalagens também evoluíram e os consumidores optam cada vez mais pelos produtos que utilizam materiais sustentáveis, naturais e, frequentemente, orgânicos na respetiva composição.
O setor das bebidas tem um papel crucial a desempenhar no combate ao desperdício. Um fabricante mundial de bebidas, por exemplo, deve mais de 50% da respetiva pegada de carbono à embalagem. Por conseguinte, têm sido introduzidas diversas iniciativas destinadas a minimizar o efeito que isto tem no ambiente. Primeiro, tenta utilizar menos material na embalagem, tornando os recipientes mais leves e mais finos. Segundo, integra materiais reciclados e renováveis sempre que possível – por exemplo, algumas das garrafas PET utilizadas são fabricadas com até 30% de materiais à base de plantas. Por fim, incentiva os consumidores a reciclarem as embalagens após o consumo dos produtos.
Para melhorar a sustentabilidade ambiental, outro importante produtor de bebidas desenvolveu uma linha de produção de PET de moldagem por sopro numa das suas fábricas, produzindo uma garrafa pré-formada a partir da moldagem por sopro. Isto permite eliminar todo o processo de envio, armazenamento e esterilização das garrafas pré-fabricadas e reduz o impacto ambiental em termos de transporte em mais de 600 mil milhas (mais de 960 mil quilómetros) só nessa fábrica.
Adicionalmente, um estudo levado a cabo recentemente pela professora Lorna Harries, da Universidade de Exeter, sugere que o bisfenol A (BPA), um composto químico habitualmente encontrado no plástico, pode provocar alterações na expressão dos genes reativos ao estrogénio e na regulação hormonal. Este estudo vem comprovar que a exposição ao químico pode estar associada a uma deterioração da saúde tanto em homens como em mulheres. Por conseguinte, a adoção de um estilo de vida mais ecológico é uma excelente forma de responder a uma série de problemas com uma única abordagem. As garrafas ecológicas para bebidas não só podem tornar a produção mais sustentável e ecológica, como também reduzem, potencialmente, a probabilidade de desenvolver doenças, como os cancros da mama ou da próstata.
Tipos de embalagens
Os plásticos têm sido uma questão controversa nos últimos anos, particularmente face à consciencialização de que os níveis de plástico eliminado que chegam aos oceanos estão a atingir um ponto crítico. Por conseguinte, foram desenvolvidos alguns plásticos ecológicos que se dividem em três categorias.
Bioplásticos, fabricados a partir de materiais naturais, como o amido de milho. O fabrico de garrafas de bioplástico requer um terço da energia gasta com o fabrico de uma garrafa PET. Curiosamente, algumas formas de bioplásticos têm um aspeto e uma sensação muito semelhante ao produto à base de petróleo e, apesar de visualmente indistinguíveis, este tipo de plástico degrada-se sem deixar quaisquer resíduos nocivos.
Plásticos biodegradáveis, são plásticos tradicionais fabricados a partir de petroquímicos, mas concebidos para se decomporem mais rapidamente. Embora se degrade mais rapidamente do que as versões petroquímicas tradicionais, este tipo de plástico deixa depósitos nocivos, o que significa que, afinal, não é 100% ecológico.
Plásticos reciclados, como o nome sugere, são fabricados a partir da reciclagem de plástico antigo. A reciclagem de plástico antigo é positiva só por si, todavia coloca certos problemas. As garrafas de plástico, por exemplo, muitas vezes não serão recicladas para fabricar novas garrafas de plástico devido a perda de propriedades decorrente do processo de reciclagem. Ao invés, é mais provável que estas serão convertidas noutros produtos que requerem um plástico de qualidade inferior – como bancos públicos de “madeira” ou equipamento para parques infantis.
Os desafios da codificação e da marcação
Existem dois desafios principais associados à codificação e à marcação das embalagens ecológicas para bebidas.
Primeiro, as garrafas PET ecológicas têm paredes muito mais finas do que as garrafas PET tradicionais. Quando se utiliza uma impressora de jato de tinta contínuo (CIJ) não há problema, uma vez que a impressora apenas acrescenta uma camada de novo material, nomeadamente a tinta, à superfície da garrafa. Mas o caso altera-se completamente quando se recorre à tecnologia de marcação por laser. Uma vez que o laser remove uma camada do substrato para criar um código, as hipóteses de queimar através da garrafa aumentam exponencialmente. Para solucionar este problema e evitar a gravação em profundidade, a Videojet criou um novo tubo de laser que emite um feixe com um comprimento de onda de 9,3 µm, “9,3 mícrones”, em vez dos convencionais 10,6 µm. Além disso, a empresa criou um tipo de letra específico sem transição que impede o laser de queimar duas vezes o mesmo ponto.
Um exemplo seria o número 8 e a letra X. Em vez de passar duas vezes pelo centro, este salta sobre a linha já existente.
Em segundo lugar, os novos formatos de garrafas fabricadas a partir de fibra de madeira ou polpa de papel de origem sustentável estão iminentes. Quando entrar em circulação, este formato irá, indubitavelmente, gerar novos desafios de codificação tanto para as máquinas de marcação de CIJ como a laser. A tinta pode dispersar pelas fibras do substrato, criando um código de qualidade inferior, enquanto os codificadores a laser podem, facilmente, queimar a fibra. Para combater isto, será essencial que os fabricantes que adotem este tipo de embalagem trabalhem em estreita parceria com os especialistas em codificação e marcação para se alcançar, através de testes, uma solução de codificação ótima.
Tintas e fluidos
A necessidade de utilizar materiais naturais nos chamados produtos "ecológicos" inclusivamente chegar a abranger as tintas utilizadas para criar a codificação e a marcação exigida em termos de conformidade – como o lote e prazos de validade, por exemplo. Frequentemente, as tintas utilizam metiletilcetona (MEK) como solvente, uma vez que esta contém tanto o corante como a resina. A MEK tem diversas vantagens, incluindo um curto tempo de secagem, bem como a capacidade de conter resina e não está classificada como poluente perigoso da atmosfera nem como substância química causadora de degradação da camada de ozono. Todavia, existem aplicações nas quais a utilização de tintas isentas de MEK é preferencial, como o setor alimentar e das bebidas.
É importante poder oferecer tintas e fluidos que permitam aos clientes que exigem materiais isentos de químicos escolherem entre várias opções. É igualmente importante que a qualidade dos códigos produzidos pelas tintas isentas de MEK não seja afetada em resultado de tal escolha. Ao trabalhar incessantemente para desenvolver novas tintas e fluidos que cumpram as rigorosas diretrizes de qualidade exigidas – internamente e pelos clientes – é possível conseguir isto.
A chave consiste em trabalhar em estreita parceria com um fornecedor especialista em codificação e marcação, que teste extensivamente os materiais de embalagem em laboratório, de modo a fornecer soluções que nunca comprometam a qualidade. Isto é particularmente importante no que respeita a novos produtos, uma vez que conseguir uma codificação e uma marcação correta à primeira acabará por poupar tempo e minimizar o risco de desperdícios na linha de produção.